terça-feira, 12 de outubro de 2010

TEXTO 7 LINGUAGEM POÉTICA

linguagem
FALAR BEM É FUNDAMENTAL
esenvolver a oralidade é uma das
habilidades que se espera nos
primeiros anos de escolaridade. Nas
turmas de pré-escola, é possível fazer
isso de diversas formas. Brincadeiras
cantadas, como músicas e cantigas de
roda, ou faladas, como trava-línguas
e parlendas, sempre são bem recebidas
nessa idade. De forma lúdica, elas
ampliam as possibilidades de comunicação
e expressão e promovem o interesse
pelos vários gêneros orais e escritos.
O Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil prevê
que os conteúdos ligados a essa
área devem ser divididos em três blocos
nas classes de 4 e 5 anos de idade:
falar e escutar, práticas de leitura
e práticas de escrita. Assim, num bom
trabalho com esse tema a oralidade,
a leitura e a escrita são apresentadas
às crianças de forma integrada e complementar.
O objetivo é potencializar
os diferentes aspectos que cada uma
dessas linguagens exige das crianças.
De acordo com a consultora pedagógica
de NOVA ESCOLA e da Fundação
Victor Civita, Regina Scarpa,
levar turmas de pré-escola a desenvolver
a oralidade é ampliar sensivelmente
as possibilidades de comunicação.
“O ideal é que o professor ar-
D
...para desenvolver a oralidade
é um jeito lúdico e eficiente
de expandir o universo
de comunicação dos
pequenos
DEBORAH TREVIZAN
Usar a poesia...
FOTO: FERNANDA SÁ; AGRADECIMENTO: CHICLETARIA E IMAGINARTE EMPÓRIO LÚDICO
NOVA ESCOLA EDUCAÇÃO INFANTIL
. PRÉ-ESCOLA 21
ticule esse trabalho com tarefas de leitura
e escrita, como o manuseio de
livros, revistas e outros materiais, com
o objetivo de criar o hábito e o apreço
pela leitura e, com isso, despertar
também o interesse pela escrita.” Entre
os diversos gêneros textuais, a poesia
se adapta muito bem a esse tipo
de atividade. Na Escola Nossa Senhora
do Morumbi, em São Paulo, isso
já é realidade há mais de cinco anos
(leia o quadro ao lado)
pode conduzir sua turma por esse
caminho. O CD que vem encartado
com esta edição especial, do cantor
e compositor Gabriel o Pensador,
traz quatro músicas e um poema, chamado
. E você também
Sandra e Pedro,
artista declama num vídeo gravado
especialmente para NOVA ESCOLA
On-line. Convide a criançada a acessar
o site e ver as imagens antes de
colocar o CD para tocar. Outra forma
de ampliar o universo discursivo
é o reconto de histórias. Nesses momentos,
os pequenos se apóiam em
enredos conhecidos, criam diálogos
e até mudam a voz para representar
um personagem.
que o próprio
QUER SABER MAIS
EXCLUSIVO ON-LINE
Assista a um vídeo em que Gabriel o Pensador
recita a poesia
acompanha esta edição especial, para as crianças
da EMEI Aluisio de Almeida em
org.br
Sandra e Pedro, parte do CD quewww.novaescola.. E leia também a íntegra do poema
A Boneca,
Colégio Nossa Senhora do Morumbi
de Olavo Bilac, usado no projeto do
?
CONTATO
Colégio Nossa Senhora do Morumbi,
Gronchi, 4000, São Paulo, SP, tels. (11) 3742-
5513 e 3744-0015
Av. Giovanni
Hora de brincar com as palavras
Na Escola Nossa Senhora do
Morumbi, em São Paulo, a professora
Débora Corrêa ensina poesia para
turmas de 4 anos desde 2002.
O projeto Poesia Também se
Aprende tem por objetivo permitir
que as crianças brinquem com as
palavras e percebam as diferenças
entre ritmos e sonoridades, cantar
e recitar, falar e recitar. Após cinco
anos de trabalho, ela diz que a
garotada aprende a reconhecer,
compreender e dar significado às
palavras. “Sem falar que o vocabulário
enriquece, pois todos aprendem
novas expressões no contexto em
que elas devem ser usadas”, afirma.
“A poesia estimula o raciocínio ao
brincar com as palavras. E os
menores, que ainda têm dificuldade
para se expressar, aproveitam muito
essas oportunidades de troca, até
porque os textos sempre
representam situações reais.”
Ao longo do primeiro semestre,
ela apresenta os textos para as
crianças ampliarem o repertório.
Todos os dias, na roda de conversa,
alguns poemas são recitados em
conjunto. A atividade começa com
textos bem conhecidos. Pouco a
pouco, o “cardápio” vai aumentando.
Débora usa poesias curtas, de fácil
memorização e com situações
próximas da realidade. Parte do
trabalho é manusear os livros para
garantir que todos reconheçam
o nome da obra, do autor e do
poema. “Essa foi uma idéia que
surgiu durante o projeto, quando
percebi que muitos ficavam
extremamente interessados
quando eu citava a obra
e o poeta. Hoje, eles não só
identificam os livros como
também sabem até as páginas
em que estão os versos prediletos.”
Raridade,
de José Paulo Paes
(acima)
de palavras, que faz com que “Arara”
vire “Arrara”, num contexto que fala
sobre a extinção dos animais, cativa
a meninada. Já em
Bilac, as crianças se identificaram com
o tema: a disputa pelos brinquedos.
“Fiquei perplexa ao ouvir o grupo dizer,
antes mesmo que eu terminasse
de recitar, que não havia gostado da
poesia. Quando perguntei por quê, eles
disseram que era porque as meninas
estavam brigando, mas, na verdade,
eles se incomodaram com a situação
retratada, não com o texto em si.”
Depois do mergulho no mundo
da poesia, Débora montou um livro com
as preferidas do grupo e cada um teve
direito a um exemplar, ilustrado
coletivamente. Além disso, pais, amigos
e as próprias crianças gravaram uma fita
cassete (com vários outros poemas
não lidos em classe), o que favoreceu a
memorização e possibilitou a ampliação
do repertório, num trabalho que
misturou oralidade e memória cultural.
Para encerrar, a professora organizou
um sarau de poesia, em que os
pequenos declamaram os textos para
familiares e funcionários da escola.
, está nessa categoria. O jogoA Boneca, de Olavo
Raridade
JOSÉ PAULO PAES
A Arara
É uma ave rara
Pois o homem não pára
de ir ao mato caçá-la
para a pôr na sala
em cima de um poleiro
onde ela fica o dia inteiro
fazendo escarcéu
porque já não pode
voar pelo céu
E se o homem não pára
de caçar arara,
hoje uma ave rara,
ou a arara some
ou então muda seu nome
para arrara.

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